Onda de violência agrava crise institucional no país caribenho, enquanto premiê busca apoio para envio de nova missão de paz da ONU. Facções criminosas querem depor atual governo, que ignora acordo por novas eleições.O governo do Haiti declarou estado de emergência e impôs um toque de recolher neste domingo (03/03) em meio a uma onda de violência que culminou em fugas em massa de dois dos maiores presídios do país durante o fim de semana.
O toque de recolher será válido por 72 horas, das 18h às 5h, enquanto as autoridades realizam operações de busca para recuperar os fugitivos. A medida, assim com o estado de emergência, poderá ser prorrogada pelo governo.
As autoridades adotaram as medidas de exceção após a violência se espalhar pela capital, Porto Príncipe. Neste domingo, facções criminosas invadiram os presídios e libertaram centenas de detentos, deixando mais de uma dezena de mortos.
Jimmy Cherisier, um dos mais poderosos líderes criminosos do Haiti, conhecido pelo apelido Barbecue ("churrasco"), afirmou em vídeos postados nas redes sociais que o objetivo dos insurgentes é derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry, que governa o país desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021.
Fugas em massa
Apenas uma centena dos cerca de 3.800 detentos da Penitenciária Nacional - a maior do país - ainda estavam no local após a fuga deste fim de semana, afirmou Pierre Esperance, da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos. "Contamos muitos corpos de prisioneiros", relatou.
Entre os poucos detentos que permaneceram no presídio, estava um grupo de 18 ex-soldados colombianos acusados de atuarem como mercenários e de envolvimento no assassinato de Moïse.
No sábado à noite, os colombianos divulgaram um vídeo pedindo ajuda, afirmando que as gangues massacravam pessoas indiscriminadamente dentro das celas. Um deles disse a jornalistas que não fugiu porque era inocente. O Ministério do Exterior da Colômbia pediu ao governo do Haiti proteção especial ao grupo.
Outro presídio em Porto Principe com cerca de 1.450 detentos também foi invadido. Não havia ainda informações sobre quantos prisioneiros fugiram do local.
"A polícia recebeu ordens para usar todos os meios legais a seu alcance para impor o toque de recolher e prender todos os criminosos", informou em nota o ministro das Finanças do Haiti, Patrick Boivert, que atua como primeiro-ministro interino.
Fonte: Terra
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